Filosofia Contemporânea: Herbert Marcuse
Para Wiggershaus (2002) os dois grandes
filósofos da alienação, da inautenticidade que atingiram a glória nos anos 20,
Georg Lukács e Martin Heidegger, foram os dois grandes inspiradores de Herbert
Marcuse.
Na perspectiva de D’Angelo (2011) como
filósofo, Marcuse constrói seu pensamento articulando a ideia de negatividade,
que ele considerava o núcleo da filosofia de Hegel, à crítica de Marx à
estrutura da sociedade capitalista e à psicanálise de Freud. A partir dessas
fontes, Marcuse procura demonstrar a possibilidade de o homem ser feliz, isto
é, a possibilidade de superação do “princípio de realidade”, que estabelece uma
oposição entre homem e sociedade. Para Matos (1993) Marcuse reflete acerca da
recepção “burguesa” dos ideais de busca do prazer e da felicidade, para
elaborar as relações possíveis que o “pensamento burguês” – abstrato – pode
manter com a procura da felicidade pessoal em vista das transformações sociais.
Marcuse, assevera Chalita (2004), ao
aliar os pensamentos de Marx e Freud, argumentava que o progresso tecnológico
confere aos trabalhadores maior tempo livre, o que gera uma civilização não
repressiva, voltada para a racionalidade da satisfação. Assim, o corpo deverá
ser convertido num instrumento de prazer em vez de ser instrumento de trabalho
alienado, para que a satisfação possa vencer a repressão. Nesse ponto, a tarefa
da filosofia seria anunciar essa possibilidade. Se isso não ocorrer, teremos o
contrário, ou seja, a perpetuação do desenvolvimento tecnocientífico a serviço
da dominação e da homogeneização dos indivíduos. Tal situação criaria o que
Marcuse chamou de homem unidimensional,
incapaz de criticar a opressão e construir alternativas futuras.
O homem de uma dimensão é o homem
que vive em uma sociedade de uma dimensão,
sociedade justificada e coberta pela filosofia
de uma dimensão. A sociedade de uma dimensão é a sociedade sem oposição, ou
seja, sociedade que paralisou a crítica através da criação de um controle
total. A filosofia de uma dimensão é a filosofia da racionalidade tecnológica e
da lógica do domínio; é a negação do pensamento crítico, da “lógica do
protesto”; é a filosofia “positivista” que justifica “a racionalidade
tecnológica” (REALE; ANTISERI, 2005, p.481).
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