Filosofia Contemporânea: Karl Jaspers
Karl
Jaspers buscou no pensamento de Kierkegaard, de Schelling, de Spinoza e também
de Nietzsche alguns dos pressupostos de sua filosofia. Störig (2009) mostra com
clareza a base da concepção de Jaspers acerca da existência. Pode-se apreender
o ser humano com o auxílio das diversas ciências do homem. No tempo mais
recente, três ciências ganharam (para Jaspers) o primeiro plano: sociologia,
psicologia e antropologia. Todas essas ciências conhecem algo no homem, mas não
o próprio homem. Elas nunca veem senão um recorte parcial limitado do homem.
A existência e as situações-limites
Como
se coloca o homem frente ao mundo? Ou de outra maneira, como definir a
existência humana? Para Japiassú; Marcondes (2006) em Jaspers a existência não
seria o individuo biológico, tampouco o pensamento generalizante ou a vida sem
problemas, mas o homem que joga seu destino no curso da história e que pode,
por decisão, perder-se ou ganhar-se a cada instante de sua vida.
Também num outro sentido quer o
homem ultrapassar-se: não avançando pelo mundo, mas projetando-se para além do
mundo; não na insaciável e sempre renovada inquietude de sua existência
temporal, mas na quietude da eternidade, no tempo que abole o tempo. Quietude,
sob forma de duração no tempo, não é concebida ao homem. Significaria o fim dos
tempos. O instante de repouso do mundo não pode pôr-se como realização. Tudo
continua. No instante perfeito, quando este é concedido ao homem, brilha a luz
do repouso eterno. Aquele instante testemunha a calma escondida em nós, que não
se projeta no tempo. Essa calma é o conteúdo da transcendência e nosso destino
é sermos nela recebidos, com os companheiros que tivemos. A imutabilidade de
Deus é uma imagem dessa quietude. É nessa direção que o homem tende a se
ultrapassar, não mais avançando no mundo mas caminhando para a transcendência,
inacessível a nosso conhecimento e inefável (JASPERS, 2011, p.59).
Quando
Jaspers fala de situações-limites, trata-se de situações derradeiras, que não
podem ser alteradas ou contornadas: a morte, o sofrimento, a luta, a culpa.
Somente nelas, o todo da existência pode realizar. No entramos em tal situação
com atenção, nós nos tornamos totalmente nós mesmos.
Segundo
Reale; Antiseri (2005) a transcendência é inatingível para o conhecimento
científico. E, no entanto, ela se revela nos “sinais” das situações-limites e
do naufrágio da existência. Mas essa linguagem cifrada deve ser lida. E é lida
na intimidade da própria existência. Por isso, enquanto a verdade científica é
objetiva e anônima, a verdade filosófica é existencial e singular. “Deus é
sempre o meu Deus, e eu não o tenho em comum com os outros homens”.
Todavia,
se a verdade filosófica tem suas raízes no profundo da existência singular,
como se pode transmiti-la aos outros e com quais razões pode ser selecionada e
aceita? Para Jaspers, a “verdade”, isto é, a transcendência, é buscada por
todas as filosofias, mas jamais é posse exclusiva de um ponto de vista.
Naturalmente, a verdade está ligada à existência singular e, por isso, é única: eu sou a minha verdade.
Unidade 4. A Escola de Frankfurt
1 Escola de Frankfurt
O Instituto de
Pesquisa Social, que ficou conhecido como “Escola de Frankfurt” foi criado em
1923 por um grupo de intelectuais alemães com a ajuda de Felix Weil e de seu
pai, Hermann Weil, um importante exportador de trigo da Argentina. O primeiro
diretor do Instituto foi o economista marxista austríaco Carl Grünberg
(1861-1940), que ocupou formalmente essa função até 1930. A partir de 1931, Max
Horkheimer passou a ocupar o cargo de diretor do Instituto. O meio de
comunicação e divulgação das pesquisas realizadas pelo Instituto passou a ser,
nessa época, a Revista para Pesquisa
Social (D’ANGELO, 2011, p.57).
.
Cotrim
(2010, p.280) A Escola de Frankfurt é o nome dado ao grupo de pensadores
alemães do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, fundado na década de
1920. Sua produção ficou conhecida como teoria
crítica. Entre seus pensadores destacaram-se Theodor Adorno, Max
Horkheimer, Walter Benjamin, Herbert Marcuse e Jurgen Habermas, além de Erich
Fromm, psicanalista teuto-americano. “Considerada uma escola crítica de origem
marxista, procura determinar uma visão global e crítica da sociedade burguesa,
centrada no método dialético, que seria o único capaz de superar as
contradições do mundo social.” (CHALITA, 2004, p.373).
Apesar
de grandes diferenças de pensamento entre esses autores, identificamos neles a
preocupação comum de estudar aspectos variados da vida social, de modo a compor
uma teoria crítica da sociedade como um
todo. Para tanto, investigaram as relações existentes entre os campos da
economia, da psicologia, da história e da antropologia. Os pontos de partida
fundamentais de suas reflexões foram a teoria
marxista e a teoria freudiana,
que trouxe à tona elementos novos sobre o psiquismo das pessoas. Mas há também
outras influências, como as de Hegel, Kant ou do sociólogo Max Weber. A Escola
de Frankfurt concentrou seu interesse na análise da sociedade de massa, termo que buscava caracterizar a sociedade
atual, na qual o avanço tecnológico é colocado a serviço da reprodução da
lógica capitalista, enfatizando o consumo e a diversão como formas de garantir
o apaziguamento e a diluição dos problemas sociais.
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