FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
NIETZSCHE
D’Angelo
(2011, p.21-22) a filosofia de Friedrich Nietzsche (1844-1900) e sua crítica
radical à tradição filosófica ocidental começou a ser construída a partir de
sua leitura da obra de Schopenhauer (1788-1860), filósofo alemão que opunha
radicalmente ao racionalismo e ao idealismo de Hegel. O impacto causado em
Nietzsche pelo livro O Mundo Como Vontade
e Representação foi decisivo. Marcado por suas ideias, sobretudo pelo ateísmo
e pela valorização da experiência estética em Schopenhauer, Nietzsche manterá
em toda a sua trajetória como pensador posições que têm origem na leitura dessa
obra. A reflexão de Nietzsche sobre a Grécia antiga, especialmente sobre a
relação entre arte e filosofia na época arcaica (século VIII a VI a.C.), foi
determinante na criação de uma tese central de sua filosofia: a superioridade
da arte em relação á filosofia e à ciência. Em O Nascimento da Tragédia, publicado pela primeira vez em 1871, a
distinção que Nietzsche faz entre o ideal apolíneo
e o dionisíaco introduz a questão do
dinamismo e do jogo de forças que orientam a vida humana e a dimensão estética
e cultural inscrita nesse movimento.
Apolo – deus da beleza, da proporção, da harmonia e da serenidade – e
Dioniso – deus da embriaguez, da desordem, da paixão – são considerados formas
complementares entre si, que foram separadas pela civilização. Nietzsche
atribuía um valor extraordinário à cultura e religião grega.
Störig
(2009) se podemos considerar Schopenhauer discípulo e descendente de Kant e,
porém, constatar que o resultado de sua filosofia é algo bem diferente da
filosofia de Kant, o mesmo vale para a relação entre Nietzsche e Schopenhauer.
E, de fato, é sensato posicionar a filosofia de Nietzsche ao lado e após a de
Schopenhauer, pois, independentemente da grande influência de Schopenhauer
sobre Nietzsche, uma coisa é comum a ambas e as separa do filósofo da razão: a
filosofia de Nietzsche também é uma filosofia da vontade.
Segundo Nietzsche,
com o surgimento da razão e da dialética socrática, a filosofia inicia um
processo de decadência, passando então a afirmar valores pretensamente
superiores, que negam os aspectos negativos próprios da condição humana como o
sofrimento, a imperfeição, a dor, a morte. Esse modelo de razão
socrático-platônico inaugura a supervalorização da verdade, do conhecimento, a
negação deste mundo e o desejo de um mundo superior. O cristianismo veio
fortalecer a busca de um outro mundo, existente no platonismo, intensificando
assim a dualidade que veio a ser a marca da civilização cristã ocidental (D’ANGELO, 2011, p.22)
Para Störig (2009,
p.461) Nietzsche “filosofia com o martelo”.
Ele destroça sem qualquer consideração velhos valores, reconhecendo-os
como falsos, mas, ao mesmo tempo, estabelece novos valores e ideais.
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