Filosofia Contemporânea: Jurgen Habermas
Habermas propõe um novo conceito de
razão, a razão comunicativa, como forma de retomar o projeto emancipatório da
humanidade em novas bases. Assim, Cotrim (2010) diz que dentre os teóricos da
Escola de Frankfurt, o de maior influência atualmente é Habermas. Em sua tese,
ele discorda de Adorno e Horkheimer no que se refere aos conceitos centrais da
análise realizada por esses dois filósofos: razão, verdade e democracia. Adorno
e Horkheimer chegam a um impasse quanto à possibilidade de uma razão
emancipatória, já que estaria asfixiada pelo desenvolvimento do capitalismo.
De
acordo com Habermas, essa é uma posição perigosa em filosofia, pois poderia
conduzir a uma crítica radical da modernidade e, em consequência, da razão, que
levaria ao irracionalismo. Em seu artigo “Modernidade versus pós-modernidade”,
ele enfatiza esse ponto, afirmando, contra a tendência ao irracionalismo
presente na chamada filosofia pós-moderna. Ou seja, o potencial para a
racionalização do mundo inda não está esgotado. Por isso Habermas costuma ser
descrito como “o último grande racionalista”.
O racionalismo ocidental precisa
cair em si mesmo e superar suas próprias cegueiras, a fim de poder abrir-se
dialogicamente para aquilo que pode aprender das tradições das outras culturas.
Um encontro intercultural digno desse nome teria a capacidade de trazer à tona
elementos de nossa própria tradição que foram soterrados. (...) os filósofos
não são capazes de transformar o mundo. O que nós necessitamos é de um pouco
mais de práticas solidárias; sem isso, o próprio agir inteligente permanece sem
consistência e sem consequências. No entanto, tais práticas necessitam de
instituições racionais, de regras e formas de comunicação, que não
sobrecarreguem moralmente os cidadãos e sim, elevem em pequenas doses a virtude
de se orientar pelo bem comum (HABERMAS, 1993, p.94).
D’Angelo (2011), Jürgen Habermas que faz
parte da segunda geração da Escola de Frankfurt, iniciou um envolvimento mais
profundo com essa corrente na década de 1950, trabalhando como assistente de
Theodor Adorno na Universidade de Frankfurt. A principal crítica de Habermas
aos frankfurteanos refere-se ao desligamento feito por eles entre a esfera
econômica (sistêmica) e o espaço social onde os indivíduos atuam, que ele chama
de mundo vital. Em relação ao
pensamento de Marx, Habermas admite que a importância que ele atribui à
produção econômica no desenvolvimento histórico não corresponde ao seu real
impacto. A interação social (relação
entre homens mediatizados pela linguagem) também tem um papel fundamental na
história. No desenvolvimento das categorias trabalho
e interação não existe uma correspondência necessária, mas uma autonomia
relativa. Por isso mesmo, o progresso econômico e científico não assegura
automaticamente uma vida melhor para as pessoas e maior liberação e
participação política e cultural.
Para
Chalita (2004), Habermas formula o conceito de razão comunicativa (ou
discursiva), visando estabelecer um elo entre a razão teórica e a razão
prática. Desse modo, a linguagem seria vista como um instrumento para a
compreensão dos homens em sua s relações sociais. Segundo esse filósofo, a
sociedade é permeada por uma razão instrumental, que leva o homem a um
desenvolvimento estritamente técnico, o que implica a perda da autonomia e a
consequente submissão às regras de dominação. A inserção de uma perspectiva
crítica recupera a dimensão de uma racionalidade não instrumental, fundada no
agir comunicativo entre homens livres, ou seja, em uma razão comunicativa, que
emancipa os indivíduos do seu estado de dominação técnica. Portanto, Habermas
constrói a teoria da ação comunicativa, segundo a qual a crítica, como
substrato da linguagem, deve encontrar-se livre das distorções originadas pela
ideologia, se pretendermos que ela conduza o homem no caminho de sua liberdade de
convicção. Pode-se dizer que a teoria da ação comunicativa funda a chamada
ética discursiva que, fruto da relação entre indivíduos, permite um
posicionamento crítico acerca dos ditames normativos da sociedade.
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